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Rita Regina

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quarta-feira, 17 de março de 2010

UMA REALIDADE ESCONDIDA

Uma realidade escondida.

Nos últimos meses, o mundo pode ver e ouvir as terríveis previsões sobre uma possível subida do nível do mar, a savanização da Amazônia e a completa submersão da cidade do Rio de Janeiro, tudo isso em virtude do aquecimento global. É claro que este tema merece a atenção dos meios de comunicação mundial, da comunidade científica e da sociedade como um todo, entretanto as divergências são tantas que, mesmo com toda esta atenção, existe somente especulações sobre o assunto e nada de concreto. Alguma coisa está acontecendo na atmosfera, os climas estão em constante alteração, porém isso já vem acontecendo a, pelo menos, 18 mil anos.
Por este fato é que não vamos falar de aquecimento global, nem de efeito estufa. Vamos tratar de um assunto tão importante quanto estes, mas que vêm sendo ignorado pela mídia, negligenciado pelo poder público e desconhecido pela sociedade. O chorume!

Não que este seja um problema mais importante que o aquecimento global, mas com certeza, é possível chegar a algumas conclusões mais práticas e objetivas, sem estacionar no campo das especulações.

É preciso falar mais sobre o chorume, conhecê-lo, saber de onde vem, para onde vai e como interfere no meio ambiente. Este é objetivo deste texto.

Em geral, o chorume é um líquido viscoso, escuro e malcheiroso, que contém alta carga poluidora e está presente em boa parte dos depósitos de resíduos sólidos espalhados pelo mundo. Pode também ser chamado de líquido percolado ou lixiviado, devido a sua origem, que pode estar condicionada a três diferentes formas: através da unidade natural do lixo, aumentando no período de chuvas; da própria água que constitui a matéria orgânica, ou de bactérias que existem no lixo e expelem enzimas que dissolvem a matéria orgânica formando líquidos. O resultado de tudo isso é uma solução que apresenta composição química bastante variável e nociva ao solo, às águas subterrâneas e superficiais.

A tabela a seguir mostra os elementos químicos que podem ser encontrados no chorume e possíveis origens.


Íons
Origens
Na+, K+, Ca2+, Mg2+ Material orgânico, entulhos de construção, cascas de ovos
PO43-, NO3- , CO32- Material orgânico
Cu2+, Fe2+, Sn2+ Material eletrônico, latas, tampas de garrafas
Hg2+, Mn2+ Pilhas comuns e alcalinas, lâmpadas fluorescentes, fungicidas, tintas, amaciantes, produtos farmacêuticos, interruptores,...
Ni2+, Cd2+, Pb2+ Baterias recarregáveis (celular, telefone sem fio, automóveis), plásticos, ligas metálicas, pigmentos, papéis, vidro, cerâmica, inseticidas, embalagens ...
Al3+ Latas descartáveis, utensílios domésticos, cosméticos, embalagens laminadas em geral.
Cl- , Br- , Ag+ Tubos de PVC, negativos de filmes de raio-X
As3+, Sb3+, Cr3+ Embalagens de tintas, vernizes, solventes orgânicos

Fonte: http://www.fgel.uerj.br/labgis/producao/publicacoes/lucy/capitulo5.htm


Sobre sua interferência no ambiente, pode-se dizer que o chorume é altamente prejudicial, pois ao atingir os mananciais de águas subterrâneas ou superficiais, podem alterar de modo significativo as suas características, tornando-as impróprias ao consumo ou à sobrevivência de organismos aquáticos, pois a matéria orgânica lançada na água consome o oxigênio dissolvido, e com isso a taxa de oxigênio de um recurso hídrico pode ser substancialmente reduzida, tornando a proliferação dos organismos aquáticos praticamente impossíveis.
A constante movimentação do lençol freático faz com que haja uma dispersão do material contaminado, que pode atingir poços artesianos, lagos, represas e oceanos. Com isto a qualidade da água fica altamente comprometida, o que restringe seu consumo.
A figura a seguir mostra uma triste realidade brasileira, presente em muitas de nossas cidades litorâneas. O encontro do esgoto com o mar.


Fonte: http://www.kitesurfmania.com.br/ksm/fotoreportagem/Default.asp?id=789

Geralmente, as populações mais carentes são vítimas freqüentes desta péssima qualidade das águas, pois não tem acesso a água encanada e/ou tratada e fazem uso indiscriminado de poços artesianos.
Com o passar dos tempos, aumenta a probabilidade da água se tornar um recurso cada vez mais escasso, e com isso a disputa por sua posse pode ultrapassar as conhecidas fronteiras nacionais. Entretanto, parece que estamos em outro mundo, longe desta realidade e distante dos problemas gerados pela má qualidade ambiental. Estamos assistindo nossos mananciais serem contaminados e permanecemos de braços cruzados.
A cada dia surgem novos lixões e novos aterros clandestinos, fazendo com que maiores quantidades de chorume sejam gerados e lançados no solo.
Na figura a seguir é possível observar grande quantidade de chorume que foi acumulada através do escoamento superficial.



Lago de chorume no Lixão de Maringá. Fonte: http://www.sefloral.com.br/LIXAO_MARINGA_013.jpg

Neste mundo consumista e individualista que vivemos, é necessário agregar valores, para que possamos ter a real noção de quanto vale uma nascente preservada, um ribeirão de águas cristalinas, ou um lago urbano livre da sedimentação.

Qual o valor das nascentes do Ribeirão Lavapés, do Ribeirão Tabuão, do Anhumas?

Se a humanidade ainda deseja permanecer neste planeta e aproveitar seus recursos, é preciso responder a estas perguntas.
Em 2003, no Fórum Mundial da Água, em Kyoto, a UNESCO apresentou um relatório denominado Water for people, water for life, De acordo com este relatório, são lançados diariamente, 2 bilhões de toneladas de lixo nos rios espalhados pelo mundo. São produzidos 7,6 milhões kg/ dia, de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), sendo que 6,5 milhões são lançados diariamente nos cursos d’água, através, principalmente do chorume.
Apesar das propostas que surgem para transformar esta realidade, como a substituição dos antigos lixões por aterros sanitários, a reciclagem, a reutilização, entre outros, sem uma conscientização da população, tais medidas são praticamente inúteis, pois precisam da participação da sociedade.
Neste ponto seria talvez oportuno lembrar-se dos pensamentos de Pierre Teilhard de Chardin, em sua obra, Le phénomène humain de 1955, de que a Terra pode existir, aliás, muito melhor sem a presença humana como aconteceu até muito pouco tempo, mas a ausência desta jóia única do universo resultante de coincidências inacreditáveis, a existência humana seria simplesmente inconcebível.
A Terra não precisa de nós, porém devemos nossa existência a ela.

Marcelo Silva Gameiro, Prof. Da Fesb – geologia – Mestrando em Meio ambiente

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